terça-feira, 22 de maio de 2007

Descobertas e apontamentos desinteressantes de uma blogueira sem leitores

Se eu acordo às 5h40, não consigo chegar às 8h na aula de Inglês. Mas, se eu acordo às 6h40, chego às 7h50.

Aos 24 anos, apareceu um fio de cabelo branco e minhas bochechas começaram a cair.

Até o momento, 2007 tem se firmado como um dos anos que eu menos fui ao cinema.

Minha dieta anda torta, mas ainda não provei o Milk Shake Chicabon do Bob’s.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Evolução

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Pensaste já quão invisíveis somos uns para os outros? Meditaste já em quanto nos desconhecemos? Vemo-nos e não nos vemos. Ouvimo-nos e cada um escuta apenas uma voz que está dentro de si. As palavras dos outros são erros do nosso ouvir, naufrágios do nosso entender.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, p.69

quinta-feira, 29 de março de 2007

(a seguir, algumas palavras sobre insegurança e cobrança. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)

Não adianta insistir, eu não estou preparada!

Não, não quero. Ou melhor, não sei. Resumindo, não posso.

Não estou preparada, já disse! Não estou preparada para isso, para aquilo ali e muito menos para aquilo acolá. Nem precisa me falar o que é! Ainda não estou pronta para nada. Preciso estudar. Preciso me arrumar. Preciso consultar uma taróloga!

Não exija muito de mim. Eu ainda estou aprendendo as regras de pontuação, a alimentar-me direito, a dançar sem pisar no pé dos outros, a tirar fotos, a passar prancha nos cabelos, a combinar sapato e bolsa, a fazer o comentário correto na hora certa, a deixar alguém me amar. Estou estudando a vida. Pisando devagar para não tropeçar.

Por favor, deixe-me seguir meu ritmo. Posso tirar os sapatos um pouco? Ás vezes não sinto os meus dedos. Posso morder a barra da blusa? Deixa-me chorar no banheiro? Depois eu prometo voltar ao normal. Ao normal de óculos. Ao normal de calça social preta. Ao normal de sapato scarpin.

Eu estou bem. Desculpa ter sumido, não ter ligado, mandado e-mails, deixado recado no Orkut. Mas entenda, a dor no ombro está terrível (sabe como é, muitas horas em frente ao computador). Ei, como assim isso não é explicação?! Está vendo, sabia que você não ia entender! Deixa para lá.

Aproveita e deixa para lá aquela proposta também. Seja ela qual for. Eu não estou preparada mesmo. Não sei se é um convite, uma convocação, uma sugestão, um lembrete...Só sei que não quero. Não sei. Não consigo.

Eu preciso de bússola, mapa, dicionário, band aid, miojo, coca light, analgésico, toalha, meias e casaco. Não posso andar por aí assim, ao léu.

Não, não vou improvisar. Avise-me com antecedência. Faça um planejamento numa planilha do Excel, imprima e entregue em mãos num envelope lacrado. Mas não fique chateado se eu rasgar o tal envelope. Eu já disse que não estou pronta. Não agora. Não para isso. E nem precisa me dizer o que é!

quarta-feira, 28 de março de 2007

Uma tese é uma tese

MARIO PRATA
Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2


Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.

- O quê? Pirou?

- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Desanimação

Não quero mais escrever.

Não sei usar a vírgula.
Não sei escrever textos engraçadinhos (blogs legais têm textos engraçadinhos).
Não li nenhum livro supimpa que mereça comentário.
Não me considero capaz de escrever sobre qualquer filme bacana que tenha visto.
Não acontenceu nada de sensacional na minha vida.

Está tudo normal por aqui.

Mas po'deixar: se eu vir uma nave espacial, escreverei.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Música e imagens

A MTV foi ao ar pela primeira vez no Brasil no dia 20 de outubro de 1990. Nesse dia, eu estava completando oito anos de idade. Antes da década de 90, eu me lembro vagamente de ver clipes no Fantástico. Mas voltando à MTV, se não me falha a memória, só conheci o canal de música em 92 ou 93, quando eu e a minha irmã descobrimos que uma televisãozinha (muito “zinha” mesmo) que ficava no quarto da minha tia Leda pegava a emissora (na freqüência UHF). A imagem não era lá uma beleza, mas foi através dessa tela minúscula que vimos Astrid Fontenelle, Cazé, Chris Couto, Cuca, Gastão e Thunderbird, dentre outros, tocarem a irreverente MTV dos áureos tempos. Mas o objetivo maior não era ver as maluquices que rolavam com os VJs, e sim esperar pelos videoclipes favoritos, como “November Rain”, do Guns n’ Roses. É curioso, mas não surpreendente, que o videoclipe citado tenha ficado de fora da minha lista dos 15 melhores clipes de todos os tempos, que você pode conferir abaixo. Se me perguntassem naquele tempo qual era o meu videoclipe favorito, eu responderia “November Rain”, seguido de perto de “Jeremy”, do Pearl Jam. O clipe da música “Jeremy”, que ocupa a 10ª posição da minha lista, é um divisor de águas. Antes dele, os clipes que eu mais gostava eram os dos meus artistas preferidos. Ou seja, eu os assistia mais para ver fulaninho cantar “aquela música especial”, pouco me importando se o clipe era tosco ou não (melhor se não fosse, é claro). Mas, apesar de também gostar da música e da banda, eu adorava “Jeremy” pelo clipe, e tinha consciência disso. “In The Bloom”, do Nirvana (que foi escolhido e deixou para trás “Smell Like A Teen Spirit” e “Come As You Are”) e “No Rain”, do Blind Melon, estão aí na lista em boa parte por causa do saudosismo, mas ainda são gostosíssimos de ver. A maioria, porém, representa o melhor dos últimos anos (é certo: a MTV piorou, mas os clipes melhoraram). E como foi difícil selecionar representantes dos trabalhos maravilhosos de Michel Gondry e Spike Jonze! A lista de clipes fantásticos que foram excluídos é incrivelmente maior do que a que você vê aí embaixo. Ficaram de fora artistas que investiram – e alguns que têm investido – para fazer dos clipes mais do que apenas material de divulgação, como Madonna, Smashing Pumpkins, Red Hot Chili Peppers, Beck, Chemical Brothers, The Strokes, Franz Ferdinand, Moby e dezenas de outros. A seleção não tem muito a ver com meu gosto musical. Eu, por exemplo, não sou fã de Björk, Fatboy Slim, Daft Punk e Beastie Boys, entretanto, todos aparecem aqui. Mas há três bandas que eu gosto muito e cuja escolha de videoclipes representantes foi difícil pacas: “Just”, do Radiohead, substituiu “Karma Police” (que por sinal já havia entrado no lugar de “Street Spirit”) aos 45 do segundo tempo; eu tive que assistir a todos os fantásticos clipes dos White Stripes para ter certeza de que “Feel In Love With A Girl” era o melhor; e me surpreendi bastante ao colocar “Island The Sun” no lugar de “Buddy Holly”, ambos do Weezer. A lista só tinha uma regra inicial: não colocar mais de um clipe de um mesmo artista/banda. É claro que teve uma exceção. O DJ Fatboy Slim figura em duas posições (e por pouco não emplacou três! “Praise You” é delicioso). A única mutreta foi dar um empate na 13ª posição, só porque não queria deixar “Virtual Insanity”, do Jamiroquai, de fora. Se “Weapon Of Choice”, do Fatboy Slim, “Imitation Of Life”, do R.E.M., e "Around The World”, do Daft Punk, tinham cara de primeiro lugar, a solução foi pôr areia nesta briga ao dar a primeira posição para outro clipe. Nada mais justo do que colocar no topo o pai dos videoclipes modernos: Michael Jackson. Se nove entre dez pessoas escolheriam “Thriller” para receber a medalha de ouro, eu represento a solitária pessoa “do contra”. Ao assistir a “Smooth Criminal”, talvez você entenda a sua escolha como melhor videoclipe de todos os tempos.

P.S.: “Another Brick On The Wall” e “Smooth Criminal” são retirados de filmes, mas acredito que tenham todas as características de videoclipes. Ah, há uma versão mais curta de “Smooth Criminal”, com mais cara de videoclipe.

Lista com links:

15. In Bloom – Nirvana
14.
No Rain – Blind Melon
13.
Just – Radiohead / Virtual Insanity - Jamiroquai
12.
It’s Oh So Quiet - Björk
11.
Coffee And TV – Blur
10.
Jeremy – Pearl Jam
9.
Another Brick In The Wall – Pink Floyd
8.
Ya Mama – Fatboy Slim
7.
Sabotage – Beastie Boys
6.
Island The Sun – Weezer
5.
Feel In Love With A Girl – The White Stripes
4.
Weapon Of Choice – Fatboy Slim
3.
Imitation Of Life – R.E.M
2.
Around The World – Daft Punk
1.
Smooth Criminal – Michael Jackson